sábado, 13 de setembro de 2008

Boas vindas!

Boas vindas, velha platéia ausente.
É com imenso prazer que lhes apresento o conteúdo atroz da existência, sob a máscara maviosa do lirismo.
E aqui sim, platéia, encontrarão o verdadeiro lirismo
O tal lirismo dos loucos
O tal lirismo dos bêbedos
O tal lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O tal lirismo dos clowns de Shakespeare.
O lirismo cruento, truculento, macilento...
E este lirismo é deveras indigesto, eu o sei... mas todos hão de engoli-lo a colher de pau! Pois se quiserem sair a rua, podem ter certeza de que não verão os arqueados pomposos da Art Nouveau, amigos.
Verão trapos pútridos humanos... Mendigos, prostitutas, moléstias...
A cadaverina perfumando as crianças putrefatas...
Verão carne... muita carne! intestinos, unto...
Nuvens de dípteros horrendos...
Verão carne humana, negra, fedida, viva, encharcada de cachaça.
Carne velha, abandonada.
Verão a fé plangente pelas sarjetas e pelas alcovas das putas gordas.
Verão o Brasil... não mais verde e amarelo.
E não mais poderão virar essas caras feias, adornadas de quilos e quilos de pó de arroz.
HÁ HÁ HÁ... acham mesmo que se escondem do mundo?
No fundo... No fundo...
Todo mundo é um pouco mundo!
E chegou a hora, minha turba, saiam de seus palácios suntuosos e emporcalhados de quinquilharias frívolas de mal gosto... chega de mascar o seio murcho da exploração.
A Belle epoque jaz morta!
Olhem pela janela... que eu lhes apresento:
O Mundo!