sábado, 29 de novembro de 2008

De súbito

Quando me observo desamparado, carcomendo-me das ânsias da alma (assaz ilusão) abate-me uma profunda melancolia. Sinto cada acorde, cada arpejo... das lancinantes sinfonias e sonatas... que me embotam as idéias. Os golpes violentos dos arcos dos violinos, o clamor pitoresco e heróico das tubas wagnerianas, o aristocrático e requintado piano. Quanto prazer débil... que lindura! O que é dos sentidos pode atingir proporções colossais, ao sujeito que sente. Não há razão que vença o individualismo e o instinto.

EU SINTO!

Almejo a tua companhia, o teu corpo protuberante. Cada palmo deste que eu quero saber de cor, lambendo a pele lívida e sorvendo-lhe o suor, nesta insanidade cruenta por demais.
De mais... só vale o que é de mais... só vale o que é satisfação e beleza... a beleza inexata, dos filisteus e dos miserentos... A existência é a possibilidade do prazer. Incerteza. Busca.
Traz-me a tua anatomia toda... toda para mim... que quero afagar-te pelas noites gélidas, regadas a vinho seco ou pinga, hauridos diretamente dos teus lábios, dos teus seios túmidos.
E pouco me importa o que procederá. Sou chama... e tudo que toco vira luz... só o que deixo: carvão e fumo. Quero lograr da produção. Produzir saciedade. Mas que produção não vem unida de consumo? A dialética que vale a pena.
Eu quero agarrar tuas curvas... tocar este instrumento de perfeição... quero ter com o diabo... comer tua carne! Ser gente como bicho é... irracionalmente gente. Mais bicho do que gente. Mais fome do que mente. Humanamente... menos arestas e mais curvas, mais rubro e menos cinza. Dou o dedo para os preceitos morais.
Eu blasfemo o alemão de cabelos pálidos: INFELIZ! Não me absterei da plenitude na possibilidade dela.

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