sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Soneto

Sim, senhor, sim, eu ouço, sim!
Som grave, abafado esse que vem
Sei lá de onde, Sei lá de quem.
Som sem jeito, som feio, assim!

Não é som de choro, nem de frevo.
É som de nada rastando em nada;
Um som bem quieto, de madrugada.
Um som estranho, que não descrevo.

Este som de sussurro, de arrelia,
Ainda que amiúde, vem em demasia,
Aos ouvidos franzinos do cansaço.

Desabotoa o peito de um lavrador
Este som agudo, que cheira a dor,
Som de xaxado tocado em cangaço!

Nenhum comentário: